terça-feira, 7 de abril de 2009

A Partilha


Vísceras estreitas cortadas em três, roçam e entortam-se entre si
Lascas, restos e unhas pregados em cortiças ásperas, velhas e caídas
Criam ares que respiro e partilho, em tempos que não vejo fim
Em pólos tão belos e brancos cujo preço são cêntimos as idas

domingo, 25 de janeiro de 2009

Pássaro estranho


Pássaro azul que voas em céu já vermelho / Rasas teu corpo em circulos breves, companheiro / Vês sempre aqui o por do sol, ah! que sorte / Já pousado, em repouso merecido e compreendido / Para sempre será visto assim, por mim, em minha corte.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Sem querer


Corro no sentido da descida. Desço sem querer e vejo-te passar, oh tempo!
Passado por ti, em meu chão veio parar. Não o vejo, continuei sem querer.
Sem querer, espero tornar-me linha curva, continua, abrindo sentidos perfeitos.
Para o ver aos meus pés e engolindo-o em meus olhos, para te perceber....oh tempo!

Isto de dia, aconteceu calmo, ignorando pesos de pêlos que cegam o teu chegar
Num Sol branco que o ilumina e sombreia em formas gradientes, claras e conscientes
Percebo que tudo é vindo de ti, oh tempo errado, fruto apodrecido com o ar do mar
Porque isto não é minha terra. São de outros, que ao invés de mim, estão em meu lugar.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A nossa Arma


Ser contrastado a preto e branco, ai que dor
Cinzentos puros que une a luz do vazio
Arma é o escuro do lápis em gesto frio
Que arde papel e no fim se torna cor

sábado, 3 de março de 2007

máquinas da terra


Máquinas que gastam terra, renascem em terras gastas, marcadas
Em terras gastas, marcadas, máquinas marcam as terras já gastas
Vemos passar máquinas, em terras por marcar, na esperança de não as gastar
À frente delas, me torno eu terra velha. Incerto penso no seu parar.

desejo de cá de cima


Nadas bem, peixe escuro
No teu espaço oceanico sem fundo.
Deixa-me ser como tu, ó graúdo
Uma vez na vida, quererei tudo.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

junto ah cama ainda quente


Amiga camisa, cuja cinta se estreita
Com o amigo cinto cujo couro genuíno é
Amigas botas que ali estão à espreita
Não se esquecerão, porque nu ficaria o pé